“Sairé ‘religioso’ ou Çairé ‘profano’: Uma patrimonialização em tensão” - Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne Accéder directement au contenu
Pré-Publication, Document De Travail Année : 2016

“Sairé ‘religioso’ ou Çairé ‘profano’: Uma patrimonialização em tensão”

Résumé

Resumo: A partir do mapeamento das categorias discursivas mobilizadas pelos moradores de Alter do Chão para descrever a festa dita do Sairé, o artigo propõe contemplara oposição entre o " rito religioso " e o " boto profano " como reveladora de um processo de patrimonialização em tensão.Por isto, busca mostrar que o antagonismo afirmado das posições e dos discursos respectivos não deixa de se acompanhar de semelhanças e convergias que ficam muitas das vezes na sombra. Em particular interessam as interlocuções, ainda pouco destacadas,dos moradores com diversos atores exteriores na hora da " reativação " da festa em 1973, e que tiveram importância sobre as escolhas efetuadas na época. Se hoje, o " boto " parece superar o " rito " em termos de visibilidade, a recente categoria de patrimônio e a implementação de ações associadas a ela (como o Inventário) são susceptíveis de conferir novas oportunidades aos defensores deste último. Palavras-chave: Sairé – Amazônia –patrimonialização Situado na margem direita do Tapajósa uns trinta e cinco quilômetros de Santarém, Alter do Chão é famoso pelas suas belezas naturais no país todo, e até para fora após o quotidiano britânico The Guardian eleger as suas praias comoas mais bonitas do Brasil.Não há dúvida que a aparição das orlas de arreia branca beirando o rio e o lago Verde durante a estação da seca dá crédito à reputação de Caribe brasileiro.Mas a vila, sede de um distrito administrativo de Santarém e com populaçãode aproximadamente 6.000 pessoas na área urbana, é também conhecidíssima pela festa do Sairé celebrada na primeira quinzena de setembrode cada ano, atraindo um público de até 100.000 pessoas 2 , e descritada forma seguinte no site G1: " A Festa do Sairé congrega rituais religiosos, danças, músicas, culinária e encenação da lenda do boto, em uma programação que tem a duração de cinco dias " 3. Ao escutar os moradores da vila, a associação destes aspectos numa só festa não é tão fácil. Aliás costumam diferenciar claramente o que eles chamam de rito " religioso " , ao qual comparecem católicos praticantes e adeptos de um turismo cultural, e o que eles qualificam de espetáculo " profano " que costumam admirar junto com um público de Santarém ansioso por cores, som e bebidas. Esta diferença é marcada espacialmente, já que a maior parte do ritual acontece num pequeno barracão de palha enquanto os botos se apresentam num imenso palco próximo chamado sairódromo. No entanto, ambas estruturas têm caráter provisório, sendo desmontadas após o evento.Para os habitantes, o que estabelece uma continuidade entre o " rito " e a " disputa " é um símbolo, chamado também instrumento, que representa a festa e lhe dá o seu nome. 1 A pesquisa de campo beneficiou do apoio do programa francês FABRIQ " AM-ANR-12-CULT-005-La fabrique des 'patrimoines': Mémoires, savoirs et politique en Amérique indienne aujourd'hui (http://fabriqam.hypotheses.org). 2 De acordo com a Secretaria municipal de Desenvolvimento e Turismo, o número ainda foi mais alto. Ver o site de informações, G1, que pertence ao grupo Globo
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Citer

Véronique Boyer. “Sairé ‘religioso’ ou Çairé ‘profano’: Uma patrimonialização em tensão”. 2016. ⟨hal-01415907⟩
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